sábado, 24 de novembro de 2012

Por Que Não Seguimos o Exemplo De Kardec

O pesquisador Crysantho de Abreu, em seu livro "Allan Kardec e o Espiritismo" diz: "Há duas fases na vida de Allan Kardec:—uma anterior à constituição do Espiritismo, mais material, conquanto superior na ordem moral, outra inteiramente espiritual, que, admitindo e aceitando a doutrina nascente, faz dela a preocupação constante do resto de sua vida." Todas as qualidades morais, que concorrem para mar o homem de bem, foram logo desabrochando no jovem Hipólite Rivail e constituíram sempre o fundo do seu caráter. "Quando apareceu depois o grande movimento espírita de que foi diretor, era já um homem experimentado nas lidas da vida, contando já mais de cinqüenta anos, mas sendo guiado por uma consciência reta”. O Espiritismo não lhe trazer a transformação súbita do caráter. Não veio modificá-lo de chofre, dando-lhe imediatamente qualidades que possuía. Já o encontrou formado. Apenas o lapidou. Era já um espírito evoluído, com um longo tirocínio de outras existências e de outras missões, perfeitamente aparelhado, por. tanto, para desempenhar a nova missão que trazia. "Na vida a coragem nunca lhe faltou. Ele não desanimava nunca. A calma foi sempre uma das feições mais salientes do seu caráter. Ficando logo arruinado, perdendo toda sua pequena fortuna no começo da vida, sempre exercitou a caridade, e já casado com a mulher que foi depois, incansável na propaganda de suas idéias, ele consegue, por meio de um obstinado labor, readquiri-la quase toda no ensino, escrevendo ao mesmo tempo trabalhos didáticos, fazendo traduções de obras estrangeiras, ou preparando a escrituração de estabelecimentos comerciais.” Kardec se notabilizou, entre outras coisas, por seu espírito democrático, pelo defender o livre-pensar, por manter o respeito pelos interlocutores, mesmo quando discordava em defesa da doutrina, mas sempre respeitando todas as crenças e nunca fez nada que o desabonasse e nem a doutrina Mas, eis que de repente, quisemos ser mais Kardecs do que o próprio Kardec, quisemos ser mais reis do que o rei, quando o próprio rei foi humilde o tempo todo, no tratar e no ensinar. Fazendo uma metáfora é como se fossemos alunos incipientes do curso de Mestrado e Kardec já tivesse pós-Graduação em Doutorado. E ser Doutor significa dominar a matéria, enquanto que ser mestre significa estar apto a ensinar a matéria, mas nós somos ainda, alunos do Mestrado, ou seja, aqueles que ainda estão aprendendo para poder ensinar um dia, mas que ainda não são Mestres e muito menos Doutores em Espiritismo. Abaixo trago uma frase de Kardec, aquele a quem dizemos seguir em termos de espiritismo, quer pelo crivo da razão, que ele recomendou que passássemos tudo, quer pelo bom senso, mas nos esquecemos das aulas dele e só repetimos o que ele falou, mas não fazemos o que ele fez, pois so aprendemos o que nos interessa. Sei que alguns dirão que o livro de onde foi tirada a frase de Kardec (Obras Póstumas) não é doutrinário, por não ser Obra Básica, mas fazendo uma outra metáfora direi: - É como se Kardec fosse o Mestre-Cuca e as obras dele sobre espiritismo (incluindo as básicas) fossem os Livros de Receitas. Afinal, o Mestre-Cuca não tem autoridade para falar de suas receitas? Por que essa mania de querer saber mais do que Kardec e querer tomar dele as rédeas do que ele falou? Segue o Trecho (leiam com atenção e discordem de Kardec – se puderem): "A tolerância, sendo uma conseqüência da moral espírita, impõe-nos o dever de respeitar todas as crenças. Não se atirando pedras em ninguém, desaparece o pretexto das represálias, ficando os dissidentes com a responsabilidade de suas palavras e de seus atos. Se eu tiver razão os outros acabarão por pensar como eu, se eu não tiver razão, acabarei por pensar como os outros." Por Que Não Seguimos o Exemplo De Kardec e Em Vez Disso, Insistimos Em Ser Mais Kardecs Do Que Kardec?

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