domingo, 26 de maio de 2013

Cooperação e interdependência


"Na vida, as coisas funcionam por interdependências. Nada está isolado. Tudo é uno. É preciso ter consciência disso. Onde há sinergia de aspiração e trabalho em equipe, há progresso".
Em uma história passada de geração a geração na Índia, dois garotinhos – um cego e um perneta – estão brincando no meio da floresta, distantes e desconhecidos um do outro, quando um enorme incêndio irrompe na mata. Desesperados, os meninos começam a gritar por socorro e, por conta dos gritos, acabam se achando. Mas, em pranto, eles só pensavam no pior, afinal, o garoto que tem pernas para fugir não consegue ver o caminho, e o que tem olhos para enxergar a saída, além de ser aleijado, está às cegas em meio à fumaça.
Tudo parecia perdido quando, juntos, eles chegam à ideia de que seria a sua salvação: o garoto perneta sobe nos ombros do cego e, do alto, pode ver a clareira para a qual eles fogem em segurança, cada um sendo, respectivamente, as pernas e os olhos de seu companheiro.
Infere-se daí que a cooperação e a aceitação das diferenças constituem o alicerce das relações humanas. Fazer algo para o outro é bom não só para o outro, mas para quem assim procede. Nenhuma das crianças fez o que fez por mérito próprio, mas por uma cadeia de méritos interligados a ambas. Cada uma, pois, desempenhou o seu papel, individual e conjuntamente necessários.
Na vida, as coisas funcionam por interdependências. Nada está isolado. Tudo é uno. É preciso ter consciência disso. Onde há sinergia de aspiração, trabalho em equipe, possibilidade de compartilhamento e cooperação há progresso. Isso inclui a opção de aceitar a diversidade, de aprender a não fazer do diferente algo que amedronte, mas, ao contrário, tornar-se cada vez mais receptivo para, por meio do diferente, aprender ainda mais.
Por conseguinte, torna-se imprescindível incentivar as pessoas a desenvolver a sabedoria que se transforma em ação, que se transforma em amor e solidariedade. O encontro amoroso envolve muito carinho, aceitação e serenidade. “Quem não se envolve não se desenvolve”. Jesus elegeu como mandamento essencial: “Amar ao próximo como a si mesmo”.

Finalmente, é indispensável lembrar que tudo é transitório: “Que sentimento faz nascer a visão do Coliseu? (...) Suas vastas e belas proporções lembram todo um mundo de grandeza; mas sua decrepitude invariavelmente leva o pensamento para a fragilidade das coisas humanas”. Tudo passa e somente a solidariedade é capaz de tornar a vida profícua e durável.

Edilson Santana é professor de Filosofia e promotor de Justiça


Nenhum comentário:

Postar um comentário