Antônio Luís V.
Monteiro
Prezado (a) Amigo (a)
Boa Dia, Boa Tarde, ou Boa Noite!
Constatamos, muitas vezes, que a imprensa em geral está mal informada a respeito do Espiritismo e confunde-o com outras religiões. A carta abaixo é bastante esclarecedora e mostra as flagrantes diferenças entre a doutrina espírita e outras religiões. Favor ler a referida carta, que foi elaborada com bastante objetividade e transparência, para que também possa ter mais alguns argumentos válidos, a fim de discorrer, junto às pessoas de seu relacionamento, caso seja inquirido a esse respeito, sobre as peculiaridades do Espiritismo, as quais, com certeza, já são de seu conhecimento.
Cordialmente,
Orlando Mota Maia
MAIS QUE ESCLARECEDOR,
NÃO DEIXE DE LER.
Carta aberta aos Jornalistas
e população em geral
Senhores e Senhoras,
Partindo do princípio
que o objetivo de todo jornalística ético e sensato é o de informar bem, com
coerência, honestidade, dignidade e imparcialidade, preocupando-se sempre com o
indispensável conhecimento da causa que leva a reportar, venho apresentar-lhes uma
contribuição em cima de um assunto que muitos profissionais do jornalismo,
embora bem intencionados, terminam cometendo equívocos lamentáveis, por uma
inexplicável ignorância que compromete os seus nomes bem como o dos veículos
por onde vinculam as suas matérias ou reportagens.
Falo com respeito ao
assunto Espiritismo, tema este que invariavelmente é visto apenas no campo
religioso, o que na verdade não é, e sobretudo, o que é mais lamentável, sempre
enfocado com afirmativas de conceitos absurdos, oriundos do "achismo"
e também de uma cultura criada na cabeça das pessoas, pela intolerância e a
desonestidade religiosa.
Não objetivo aqui
defender crença ou fé nenhuma, porque não é isto que está em questão. Só quero
mesmo prestar contribuição ao gigantesco segmento honesto do jornalismo acerca
de uma coisa, como ela realmente é, para que ele esteja melhor informado, sem a
menor pretensão de querer fazer com que nenhum profissional o aceite, concorde
com os seus postulados e, muito menos, se converta.
Vamos aos assuntos:
Espiritismo não é igreja
Em princípio corrijam a
conceituação inicial: Espiritismo não é simplesmente religião. Ele não veio ao
mundo com objetivo nenhum de ser religião. Trata-se de uma doutrina filosófica,
com base calcada na racionalidade, na lógica e na razão, apenas com
conseqüências religiosas, haja vista que os seus adeptos ficam livres da
submissão a qualquer religião, por não serem obrigados a coisa nenhuma e nem
serem proibidos de nada. Há centros espíritas que se portam como se fossem
igrejas, mas isto é produto da concepção equivocada dos seus dirigentes, que
ainda sentem a necessidade da rezação, em que pese o Espiritismo ser algo muito
acima disto.
Não existe
"Kardecismo", existe "Espiritismo"
O jornalista equivocado
costuma utilizar-se da expressão "kardecismo", para identificar algo
que ele imagina ser uma "ramificação" do Espiritismo, achando que
Espiritismo é um "montão de coisas" que existe por aí, quando na
realidade não é.
A palavra
"Espiritismo" foi criada, ou inventada, como queiram, pelo senhor
Allan Kardec, exclusivamente, para denominar a doutrina nova que foi trazida ao
mundo, por iniciativa de Espíritos, e que tem os seus postulados próprios.
Portanto, qualquer
crença ou prática religiosa que utiliza-se da denominação "Espiritismo",
fora desta que se enquadre nos seus postulados, está utilizando-se
indevidamente de uma denominação, mergulhando no campo da fraude. Daí a verdade
que o nome disto que vocês chamam de "kardecismo", verdadeiramente é
"Espiritismo".
Apenas para clarear o
campo de conhecimento dos que ainda têm dúvidas, em achar que Candomblé,
Cartomancia, Necromancia, Umbanda e outras práticas espiritualistas é
Espiritismo, vai aqui uma pequena tabela, exemplificando algumas práticas de
alguns segmentos, para apreciação daqueles que consideram relevante o uso da
inteligência e do bom senso, a fim de um discernimento mais coerente e
responsável.
Veja quem adota e quem
não adota o quê.
Procedimento, prática
ou ritual.
a) Umbanda b)
Catolicismo c) Espiritismo
01 - Uso de altares
a) Sim b)
Sim c) Não
02 - Uso de imagens
a) Sim b)
Sim c) Não
03 - Uso de velas
a) Sim b)
Sim c) Não
04 - Uso de incensos e
defumações
a) Sim b)
Sim c) Não
05 - Vestimentas e
paramentos especiais
a) Sim b)
Sim c) Não
06 - Obrigações aos
seus praticantes
a) Sim b)
Sim c) Não
07 - Proibições aos
seus praticantes
a) Sim b)
Sim c) Não
08 - Ajoelhar-se,
sentar-se e levantar-se em seus cultos
a) Sim b)
Sim c) Não
09 - Bebidas alcoólicas
em seus cultos
a) Sim b)
Sim c) Não
10 - Sacerdócio
organizado
a) Sim b)
Sim c) Não
11 – Sacramentos
a) Sim b)
Sim c) Não
12 - Casamento
religioso e batizados
a) Sim b)
Sim c) Não
13 - Amuletos, patuás,
escapulários e penduricalhos
a) Sim b) Sim c) Não
14 - Hinos e cantarolas
nos cultos
a) Sim b)
Sim c) Não
15 - Crença na
existência de satanás
a) Sim b) Sim c) Não
Como pode, então, um
profissional que tem a obrigação de estar bem informado, poder afirmar que
Espiritismo e Umbanda são a mesma coisa? Não seria mais coerente dizer que tem
mais semelhanças com o Catolicismo, embora não seja também a mesma coisa?
O espírita não tem a
menor pretensão de diminuir ou desvalorizar o adepto da Umbanda que, por sua
vez, tem também a sua denominação própria que é Umbanda, e não Espiritismo,
apenas quer deixar claro que Espiritismo é Espiritismo e Umbanda é Umbanda,
assim como Catolicismo é Catolicismo, Protestantismo é Protestantismo.
A afirmativa que alguns
fazem, em dizer que tudo é a mesma coisa, com a diferença de que na Umbanda se
reúnem negros e pobres e no tal "Kardecismo" se reúnem o que chamam
de elites, é extremamente leviana, desonesta e irresponsável. O Espiritismo não
faz qualquer discriminação de raças, cor ou padrão social, já que em seu
movimento existem inúmeros negros, mulatos, brancos e de todas as etnias.
Allan Kardec não inventou o Espiritismo
Allan Kardec não
inventou, ou criou, Espiritismo nenhum. A proposta veio de Espíritos, através
de manifestações espontâneas, consideradas como fenômenos, na época, e ele, que
nada tinha a ver com aquilo, foi convidado por alguns amigos para examinar e
analisar os tais fenômenos, em suas casas, oportunidade em que foi convidado,
pelos Espíritos, pela sua condição de pedagogo e educador criterioso, a
organizar aqueles ensinamentos em livros e disponibilizar para a humanidade.
Ele foi tão honesto e
consciente de que a obra não era de sua autoria, que evitou colocar o seu nome
famoso na Europa antiga (Denizard Rivail) como autor dos livros e preferiu
utilizar-se de um pseudônimo. É bom que se saiba que o tal professor Rivail era
autor famoso de livros didáticos e que tudo o que aparecia com seu nome vendia
muito, não apenas na França como em toda a Europa.
Atentem para o detalhe:
Os Espíritos optaram por um pedagogo, um professor, e não por um padre, um
religioso, o que nos convida a entender que o Espiritismo é escola e não
igreja.
Sobre a reencarnação
Não é patrimônio
exclusivo do Espiritismo e não foi inventada pelo Espiritismo, posto que é algo
conhecido pela maior parte da humanidade, por milênios, muito antes do
Espiritismo, que tem apenas 151 anos de idade.
O espírita, depois de
estudar a reencarnação, não crê na reencarnação, ele passa a SABER a
reencarnação, o que é diferente. Exemplificando: Você crê que a Lua existe ou
você sabe que ela existe? Afinal, você pode vê-la e comprovar, inclusive
cientificamente? É isto aí.
Portanto a afirmativa
de que os espíritas crêem na reencarnação é infantil e sem sentido.
Sobre a mediunidadeTambém
não é patrimônio exclusivo e nem foi inventada pelo Espiritismo. É uma
faculdade humana normal e independe de crença religiosa, já que a pessoa pode
possuí-la, com maior ou menor intensidade, acredite ou não. O Espiritismo
apenas se dispõe a estudá-la, educar e disciplinar as pessoas que a possuem,
para que o seu uso possa ser benéfico a elas e aos outros, absolutamente dentro
dos elementares padrões de moralidade. Segundo os postulados espíritas ela não
deve ser comercializada, nunca, e deve ser utilizada gratuitamente; todavia é
praticada comercialmente em alguns lugares do mundo, por pessoas que são
médiuns, inclusive honestas, mas nada sabem sobre Espiritismo, numa comprovação
de que ela existe fora do meio espírita.
Qualquer afirmativa do
tipo que "alguém tem mediunidade e precisa desenvolver" é vinda de
pessoas inconseqüentes, mesmo algumas que se auto rotulam espíritas, posto que
o Espiritismo propõe que a faculdade deve ser educada e não desenvolvida.
Sobre o caráter do centro espírita
É um local que deve
atuar como escola e não como igreja. A sua proposta é de estudos, sobretudo da
matéria que trata da reforma íntima das pessoas, dando ciência do papel de cada
um de nós na terra, da nossa razão de existir enquanto criaturas úteis ao nosso
próximo, esclarecimento da nossa condição espiritual no presente e no futuro e,
principalmente, a nossa conduta moral.
Recomenda a prática da
Caridade, sim, mas de forma ampla no sentido de orientar e informar aos outros
sobre os meios de libertações dos conflitos, das amarguras, das incompreensões
e do sofrimento em si e não esse entendimento estreito de que Caridade se
resume apenas a dar prato de sopa ou roupas usadas para pobres, para qualificar
o doador como bonzinho.
Adota Jesus, sim,
inclusive como o maior modelo e guia que temos para seguir, concebendo o seu
Evangelho como a bula coerente a nos conduzir, e não como sendo ele o próprio
Deus.
Enfim. O centro
espírita é um local de estudo e não de rezação.
Sobre quem é reencarnação de quem
Recentemente vimos um
jornalista afirmar, nas páginas da VEJA, que os espíritas juram que Fulano é
reencarnação de Ciclano, o que se constitui em um absurdo. Em princípio
espírita não adota jura nenhuma. Segundo, que não consta da atividade espírita
a preocupação de quem é reencarnação de quem, uma vez que esta discussão é
irrelevante, não tem razão nenhuma, não acrescenta absolutamente nada na
proposta espírita para a criatura humana, em que pese alguns espíritas, apenas
alguns, (nem todos entendem bem a proposta da doutrina) se ocuparem com esse
tipo de discussão.
Falar em quem é ou
talvez possa ser reencarnação de quem, é conversa amena de momentos de
descontração de espíritas, apenas em nível de curiosidade ou especulação,
jamais tema de estudo sério da casa espírita.
Ainda que possa
existir, em alguns locais de estudos mais profundos e pesquisas espíritas,
interesses em trabalhar as questões da reencarnação, os estudiosos apenas
sugerem que fulano possa ser a reencarnação de alguém, mas nunca afirmam,
apesar de evidências marcantes e inquestionáveis, quando a condução da pesquisa
é séria e criteriosa.
Quem anda dizendo que é
a reencarnação de reis, de rainhas e de personagens poderosas do passado não
são os espíritas, são apenas alguns bobos que estão no Espiritismo sem
consciência do seu papel.
Apologia ao sofrimento
Matérias de revistas e
jornais, dentro deste equívoco que nos referimos, chegaram a afirmar, diversas
vezes, que o Espiritismo ensina as pessoas a serem acomodadas em relação ao
sofrimento e até chegarem a dizer que o sofrimento é bom.
Não condiz com o
coerente ensinamento do Espiritismo. Se algum espírita chega a dizer isto,
certamente é vítima do masoquismo e, provavelmente, deve praticar um ritual em
sua casa, quando, talvez uma vez por semana, colocar a mão sobre uma mesa e dar
uma martelada em seu dedo.
Sofrimento não é
condição fundamental para a evolução de ninguém, embora entendemos que, ao
passar por ele, muitas pessoas terminam acordando para a realidade da vida e
mudando de conduta, sobretudo no campo do orgulho, do egoísmo e da presunção.
Mesa branca
Não existe espiritismo
mesa branca, alto espiritismo, baixo espiritismo ou qualquer ramificação do
Espiritismo, que é um só. O hábito de forrar mesas com toalhas de cor branca,
na maioria dos centros espíritas, nada mais é que um hábito de alguns
espíritas, de certa forma até equivocados também, uns talvez achando que a cor
branca da toalha ou das roupas das pessoas tem algum significado virtuoso,
quando na verdade não existe esta orientação no Espiritismo. Muito pelo
contrário, seria preferível utilizar toalhas (por que tem sempre que ter
toalhas nas mesas?) de outras cores, posto que tecidos em cor branca tem maior
facilidade de sujar.
Portanto a citação de
"espiritismo mesa branca" é mais uma expressão da ignorância popular,
o que não se admite nos jornalistas.
Terapia de vidas passadas
Não é procedimento
espírita, em que pese ser recomendável em alguns casos, porém em consultórios
de profissionais especializados, geralmente psicólogos ou médicos. É fato,
existe, é comprovado, tem resultados cientificamente respaldados, mas não é
prática espírita.
Cromoterapia, piramidologia etc…
Se alguém usa uma
dessas práticas no espaço físico de uma casa espírita, é por pura deliberação
da direção da casa, que se considera livre para fazer o que quiser, até mesmo
dar aulas de arte culinária, corte e costura, curso de inglês, informática ou o
que quiser, que são atividades úteis, sem dúvidas. Mas não tem a ver
diretamente com o Espiritismo.
Sucessor de Chico Xavier
Isto nunca existiu no
Espiritismo, em que pese vários jornalistas terem colocado em matérias
diversas, quando o Chico Xavier "morreu", e ainda repetem, talvez
querendo estabelecer alguma comparação do Espiritismo (que vêem apenas como
religião) com a Igreja Católica, que tem sucessores dos papas, quando morrem.
Chico Xavier nunca foi uma espécie de papa, de cardeal ou de qualquer
autoridade eclesiástica dentro do movimento espírita.
Divaldo Pereira Franco
nunca foi sucessor do Chico, nunca teve essa pretensão, ninguém no movimento
espírita fala nisto, que é coisa apenas de páginas de revistas desinformadas
sobre o que verdadeiramente é o Espiritismo.
A sua relação com a Ciência
Faz parte da formação
espírita a seguinte recomendação: "Se algum dia a Ciência comprovar que o
Espiritismo está errado em algum ponto, cumpre aos espíritas abandonarem
imediatamente o ponto equivocado e seguirem a orientação da Ciência".
Mas isto não quer dizer
que o que afirma determinadas criaturas, como o padre Quevedo, que se apresenta
presunçosamente como cientista, deva ser entendido como Ciência, já que ele não
é unanimidade e nem ao menos aceito pela maioria dos cientistas coisa nenhuma.
Ele é padre, nada mais do que padre, com um tipo de postura que não aceita nem
pela maioria do seio católico, quanto mais pelo científico.
Não é à pseudo-ciência
ou a opiniões pessoais de um ou outro elemento, que se diz de Ciência, que o
Espiritismo se submete, com esta recomendação, é a Ciência, como um todo, em
descobertas inquestionáveis.
Até agora a Ciência não
conseguiu apontar e muito menos comprovar erro em um ensinamento espírita,
sequer.
Se alguém exige, por
exemplo, querer provas por parte dos que afirmam que existe vida fora da Terra,
por questão de bom senso deve ter também provas de que não existe. Será que
tem?
Medicina e Espiritualidade
Alguns médicos,
tradicionalmente, sempre afirmaram que os problemas de saúde das pessoas nada
tem a ver com problemas espirituais, porque estes se resumem a crendices. Hoje
existe um curso de "Medicina e Espiritualidade", oficial, dentro da
USP (Universidade de São Paulo), a maior Universidade do País, onde são
estudados estes questionamentos que alguns continuam a dizer que são crendices.
Em nível de informação, sugerimos que os jornalistas se interessem em reportar
sobre este assunto, sem que vá aqui a menor intenção de querer converter
ninguém. Não se trata de questão religiosa, trata-se de questão científica.
Diante de todo o
exposto sugerimos que os grandes veículos de comunicação de massa, obviamente
comprometidos com a credibilidade dos seus nomes, repassem estes
esclarecimentos aos seus profissionais de jornalismo, não necessariamente para
que eles sejam simpáticos à idéia espírita, já que ninguém é obrigado a aceitar
coisa nenhuma, mas para, pelo menos, não comprometerem as suas honorabilidades
dizendo mentiras, leviandades e até se expondo ao ridículo reportando sobre um
assunto que não entendem.
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