Allan Kardec, no livro "Viagem Espírita m 1862" faz algumas
advertências que convém não desprezarmos:
I- Os espíritas NÃO CONSTITUEM nem uma SOCIEDADE SECRETA, nem
uma AFILIAÇÃO. Eles NÃO DEVEM, POIS, TER UM SINAL SECRETO para mútua
identificação. Eles NADA ENSINAM e NADA PRATICAM que não possa ser conhecido
por TODA A GENTE e não têm por conseqüência nada a ocultar.
II- Os espíritas falam aos demais sem temor algum "em alto
e bom tom". Não temem esconder suas convicções, são seguros e corajosos de
afirmar sua opinião.
III- Se o Espiritismo tivesse emergido das classes menos
esclarecidas, sem nenhuma dúvida a ele estariam enredadas muitas superstições:
ele, entretanto, nasceu em meios esclarecidos e só depois de se ter aí depurado
e elaborado foi que penetrou, nos dias que correm, nas camadas menos cultas da
sociedade, onde chegou desembaraçado, pela experiência e observação, de todas
as implicações espúrias. O que poderia realmente SE TORNAR PERIGOSO PARA O
VULGO, seria o CHARLATANISMO. Assim sendo, nunca será demais COMBATER, DE MODO
CONSTANTE E CUIDADOSO, A EXPLORAÇÃO, FONTE INEVITÁVEL DE ABUSOS, e isso por
TODOS OS MEIOS LÍCITOS ao nosso alcance.
IV- A LUZ PENETRA sempre na oficina de trabalho, mesmo SOB A
CHOUPANA, à medida que O SOL DA INTELIGÊNCIA se ergue no horizonte e dardeja
seus raios mais intensos. As idéias espíritas seguem esse movimento. Elas estão
no ar e não é dado a ninguém contê-las. O ÚNICO NECESSÁRIO É DIRIGIR-LHE O
CURSO.
V- O PONTO CAPITAL DO ESPIRITISMO É O LADO MORAL. Eis o que é
preciso, - mesmo À CUSTA DE TODO E QUALQUER ESFORÇO, - fazer COMPREENSÍVEL, e,
note-se, que é assim que ele é visto, mesmo nas classes menos esclarecidas. Por
esse motivo o seu efeito moralizador já é manifesto.
VI- O Espiritismo tem inimigos, como toda e qualquer idéia nova
os tem. Uma idéia que se estabelecesse sem oposições, , seria um fato que poderíamos
ter como miraculoso. E ainda há mais: quando mais falsa e absurda, menos
encontrará adversários, enquanto que os terá em número tanto maior quanto mais
ela FOR VERDADEIRA, JUSTA e ÚTIL. Esta é uma conseqüência natural do estado
atual da Humanidade.
VII- Toda IDÉIA NOVA, vem necessariamente, suplantar uma IDÉIA
VELHA. Se ela é falsa, ridícula ou impraticável, ninguém lhe dá importância,
pois que, instintivamente, compreende-se que não tem vitalidade. Deixam-na
morrer de morte natural. Se é justa e fecunda, ela atemoriza aqueles que, a
qualquer título, por orgulho ou interesse material, estiverem interessados em
manter a idéia antiga. Estes a combaterão e com tanto mais ardor quanto melhor
perceberem o perigo que representam aos seus interesses.
No meio espírita ainda ocorrem entrechoques de idéias, pois grande parte
de seus adeptos conservam em seus espíritos os ranços de doutrinas
conservadoras e dogmáticas. Ainda vivemos num entrechoque de idéias onde se
põem em confronto acirrado NOVAS e VELHAS, CERTAS e ERRADAS, BOAS e MÁS, num
conflito que um dia o genial Leonard Da Vinci simbolizou perfeitamente ao
dizer: "Dentro de cada homem existe um Deus e um Demônio em luta acirrada
pela supremacia da RAZÃO". São os antagonismos duais que se estabelecem pondo-se
em confronto o positivo e o negativo, a tese e a antítese. Quando isto vai
terminar? Quando o homem encontrar o ponto de equilíbrio entre o que é e o que
não é, quando adotar um critério seguro para verificação da verdade.
VIII- Há algo de mais pernicioso ao Espiritismo do que os ataques
apaixonados dos seus adversários. É O QUE OS PSEUDO ADEPTOS PUBLICAM EM SEU
NOME. Certas publicações são simplesmente lamentáveis, uma vez que oferecem da
doutrina espírita uma IDÉIA FALSA e a EXPÕEM ao RIDÍCULO.
IX- Mas para sopesar o efeito dessas DISSIDÊNCIAS, basta
observar o quanto passa. Em que SE APÓIAM ELAS? Em opiniões individuais que
podem reunir algumas pessoas, pois NÃO HÁ IDÉIAS, POR MAIS ABSURDA que seja,
que não encontre participantes.
X- O erro leva consigo, quase sempre, o seu remédio. E o seu
reino, por outro lado, nunca é eterno. Cedo ou tarde, enceguecido por uns
poucos sucessos efêmeros, faz-se vítima de uma espécie de vertigem e curva-se
ante as aberrações que precipitam sua queda.
XI- Esses erros provêm quase sempre de Espíritos levianos,
sistemáticos ou pseudossábios, que se comprazem vendo editadas suas fantasias e
utopias e isso por homens que conseguiram enleiar a ponto de fazê-los aceitar,
de olhos fechados, tudo quanto lhes debitam, oferecendo alguns poucos grãos de
boa qualidade e meio ao joio.
XII- Mas publicá-las pura e simplesmente, apresentá-las como
EXPRESSÃO DA VERDADE e garantir a AUTENTICIDADE DAS ASSINATURAS, que o BOM
SENSO NÃO PODE ADMITIR, nisso está o inconveniente!
XIII- NO INTERESSE DA DOUTRINA, convém, pois, fazer uma ESCOLHA
MUITO SEVERA, em semelhantes casos e pôr de lado, com cuidado, tudo quanto
pode, por uma causa qualquer, produzir uma ruim impressão. É assim que o
médium, conformando-se a esta regra, poderá apresentar uma compilação
instrutiva, capaz de atrair as atenções e ser lida com interesse; mas é também
assim que, publicando tudo quanto recebe, sem método e sem discernimento, será
capaz de apresentar muitos volumes detestáveis, cujo inconveniente menor será o
de não serem lidos.
XIV- É PRECISO QUE SE SAIBA que o ESPIRITISMO SÉRIO se faz
patrono, com alegria e apressuramento, de toda obra realizada com critério,
qualquer que seja o PAÍS DE ONDE PROVÉM, mas que, igualmente, repudia todas as
PUBLICAÇÕES EXCÊNTRICAS. Todos os espíritas que de coração, vigiam para que a
DOUTRINA NÃO SEJA COMPROMETIDA, DEVEM, POIS, SEM HESITAÇÃO, DENUNCIÁ-LAS, tanto
mais porque, se algumas delas são PRODUTOS DA BOA FÉ, outras constituem
TRABALHO DOS PRÓPRIOS INIMIGOS DO ESPIRITISMO, que visam desacreditá-lo e poder
motivar acusações contra ele. Eis porque, repito, É NECESSÁRIO QUE SAIBAMOS
DISTINGUIR AQUILO QUE A DOUTRINA ESPÍRITA ACEITA DAQUILO QUE ELA REPUDIA.
O pensamento de Erasto - Espírito arguto e sábio, a respeito desse
milenar conflito, é claro e inequívoco: " Tive que vos falar assim, porque
era necessário vos premunir contra um perigo, que era meu dever
assinalar." "Não temais desmascarar os embusteiros.".
Eis em síntese as recomendações fundamentais que nortearam os rumos da
CODIFICAÇÃO ESPÍRITA e que há muito foram incompreensivelmente deixadas de lado:
1- "Tende por regra que os fenômenos espíritas não servem
para espetáculos e divertimento dos curiosos."
2- "... lembrai-vos de que, se é absurdo repelir sistematicamente
todos os fenômenos de Além Túmulo, também não é prudente aceitá-los de olhos
fechados (...) nunca será demasiado repetir: não aceiteis nada cegamente. Que
cada fato seja submetido a um exame rigoroso, minucioso, aprofundado,
severo." (O Livro dos Médiuns)
3- "Os maus médiuns, que abusam ou empregam mal as suas
qualidades, sofrerão triste conseqüência, como já aconteceu com alguns. Eles
aprenderão à própria custa o que devem pagar ao reverterem EM PROVEITO DE SUAS
PAIXÕES TERRENAS um dom que Deus lhes concedeu para seu progresso moral."
(O Livro dos Médiuns).
4- "... raramente os Espíritos superiores se comunicam por
seus condutores, quando podem dispor de bons médiuns. Os médiuns levianos,
pouco sérios, chamam Espíritos da mesma natureza. Suas comunicações se
caracterizam pela banalidade, pela frivolidade, por palavras truncadas (...).
Certamente podem dizer, e dizem às vezes, boas coisas, mas é precisamente nesse
caso que é precisamente nesse caso que é preciso submetê-las a um exame severo e
escrupuloso" (O Livro dos Médiuns).
5- "Na dúvida, abstém-te, diz um sábio provérbio antigo.
NÃO ADMITAIS, POIS, O QUE NÃO FOR PARA VÓS DE EVIDÊNCIA NEGÁVEL. Ao aparecer
uma nova opinião, por menos que vos pareça duvidosa, passai-a sempre pelo crivo
da razão e da lógica. O que o bom-senso e a razão reprovam, rejeitai
corajosamente. MAIS VALE REJEITAR DEZ VERDADES DO QUE ADMITIR UMA ÚNICA
MENTIRA, UMA ÚNICA TEORIA FALSA. ( O Livro dos Médiuns - parte II, cap. XX-30).
6- "O médium é o individuo que serve de traço de união aos
Espíritos, a fim de que estes possam comunicar-se com os homens, Espíritos
encarnados. Por conseguinte, sem médium nada de comunicações tangíveis,
mentais, escritas, físicas, nem de qualquer outra espécie." (O Livro dos
Médiuns).
7- "... cuidado, porque entre os chamados para o
Espiritismo, muitos se desviaram da senda! Atentai, pois, no vosso caminho e
buscai a verdade." (O Livro dos Médiuns - cap. XX-04).
8- "Não se confia o comando de um exército senão a um
general hábil e capaz de o dirigir (...). Ficai certos de que Deus só confia
missões importantes aos que são capazes de as cumprir, porque as grandes
missões são pesados fardos, que esmagariam os carregadores demasiados
fracos." (O Evangelho segundo o Espiritismo - cap. XXI-9).
9- "Desconfiai dos FALSOS PROFETAS. Esta recomendação é
útil em todos os tempos, mas, sobretudo nos momentos de transição, em que, como
neste, se elabora uma transformação da Humanidade. Porque, nesses momentos,
umas multidões de AMBICIOSOS e FARSANTES se arvoram em REFORMADORES e MESSIAS.
É contra esses impostores que se deve estar em guarda e o DEVER DE TODO HOMEM
HONESTO É DESMASCARÁ-LOS (...). Já se viram desses impostores apresentarem-se
como apóstolos do Cristo (...) e para vergonha da Humanidade, ENCONTRAM-SE
PESSOAS BASTANTE CRÉDULAS para aceitarem as suas IMPOSTURAS.
10- O
Espiritismo vem revelar outra categoria de falsos profetas, bem mais perigosa
que não se encontra entre os homens, mas entre os desencarnados. É O DOS
ESPÍRITOS ENGANADORES, HIPÓCRITAS, ORGULHOSOS e PSEUDO-SÁBIOS que (...) se
disfarçam com NOMES VENERÁVEIS, para procurar, através da MÁSCARA QUE USAM
tornar as suas ideias, frequentemente as mais BIZARRAS e ABSURDAS." (O
Evangelho segundo o Espiritism
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