Hoje 06 de maio,
completou um ano do renascimento de minha mãe Raimunda Vieira da Silva na pátria
espiritual, diga-se passagem, a sua verdadeira morada.
Ela nasceu neste planeta, no dia 29 de maio de 1924,
acredito que era a sua “quarta” reencarnação, pois, pelo grau de
espiritualidade e moral, como todos nós que ficamos, mostrava-se ser uma pessoa
ainda necessitando vir outras vezes nesse planeta, e com certeza virá para dar
prosseguimento a sua evolução e aperfeiçoamento moral...
D. Raimunda, era filha da Sra. Maria Vieira Ferreira e
do Sr. José Ferreira, nasceu numa casinha humilde na comunidade do Tanque
Salgado. Casou-se com o Sr. José Odílio da Silva (1924 - 2004), vindo morar na
cidade de Aracati nos idos de 1959, precisamente na Rua Duque de Caxias, onde
findou os seus dias aqui nesse orbe.
...Ela teve 18 filhos, dos quais 12 vieram a óbitos
antes mesmo de atingir uma idade adulta. As coisas eram difíceis na época, os
recursos quase não existiam, o seu esposo o Sr. Odílio era mais um entre muitos
homens do campo que viera tentar uma vida melhor na cidade. O mesmo, com alguns
poucos recursos que possuía, montou um pequeno comércio no mercado público
desta cidade. Era mais conhecido como Odílio das Bananas, irmão do Sr. José
Rodrigues, conhecido popularmente como Zé Preto.
D. Raimunda era uma verdadeira guerreira, mulher
pequena, mas com fibra e garra de um gigante (...). Era uma dona de casa
exemplar, viveu só para os seus filhos e esposo. Desde criança, ela trabalhava
no ramo da palha da carnaubeira, fazendo esteira, bolsa, etc. Aliás, essa foi a
sua única profissão, pois só depois de uma idade já madura (50/60) é que veio a
trabalhar no Colégio Beni Carvalho como auxiliar de Serviços Gerais, onde se aposentou
como servidora pública.
Antes da aposentadoria, ela gerenciava um pequeno
comercio em sua residência que o seu esposo colocou, era uma pequena “bodega”,
que vendia aquelas bugigangas antiga que todo mundo daquela época conhece muito
bem, (desde os produtos de higiene pessoal até a banana que era o caro chefe da
bodega). Pois bem, era dessa bodega e do comercio do seu Odílio no mercado
público, que o casal sustentava seus filhos.
D. Raimunda era uma mulher que gostava de dar umas
cachimbadas, principalmente quando jogava sueca e/ou quando estava fazendo
esteira, por sinal, ela caprichava em tudo que fazia. Fazia uma boa comida
caseia, jogava sueca como ninguém, e, quando se tratava dos seus trabalhos de
palha, não tinha igual!
Nos últimos anos ela vinha um pouco debilitada, devido
o vício de fumar cachimbo, gerando uma falta de apetite para se alimentar e
alguns problemas pulmonares. Aliás, foi o vício do fumo que levou ela para o
leito do hospital e posteriormente para o desencarne.
Na verdade, ela desencarnou no leito do Hospital São
Matheus na cidade de Fortaleza. Ela partiu sabendo que era o seu dia e hora,
pois, ainda no leito hospitalar, sob os olhos de sua irmã caçula Maria Zilda e
de sua sobrinha Maria (ex-freira franciscana), que segundo o seu próprio
relato, a sua mãe Maria Vieira Ferreira viera lhe visitar.
Conta Zilda: que, Raimunda olhando e apontando para o
alto dizia: − Zilda, Zilda, mamãe veio me visitar... Zilda, Zilda, mamãe estar
aqui...
Todas três são católicas...
... Surpresas pelos relatos de sua irmã, elas que eram
católicas praticantes, ficaram atônicas sem saber o que dizer, a não ser
admitir que sua Mãe e Avó Maria Viera Ferreira viera mesmo visitar sua filha
Raimunda Vieira da Silva.
Foi uma partida digna de uma serva do Cristo, mesmo
sabendo de suas limitações... Raimunda, nunca frequentou uma escola
propriamente dita, mas sabia ler e escrever... Fazia carta e ensinava seus
filhos, uma lição que os livros didáticos não oferecem devido à laicidade do
ensino, que Deus jamais abandona seus filhos e que é preciso ter moral para
ficar em comunhão com Ele. Segundo ela, o homem é aquilo que ele faz! Portanto,
esse legado do bem, Raimunda tinha intrínseco com seus afazeres!
Se ela fosse Espírita, talvez sua Irmã e Sobrinha não
acreditassem no que ela falou, contudo, acredito que tenha sido uma forma da
afirmação enquanto sabedora da existência futura, e que a sua partida para a
outra pátria se deu de modo compartilhado entre seus entes queridos que ficaram
na terra.
Isso tudo me confortou e deixou-me lisonjeado, pois,
só em saber que ela foi amparada pela sua mãe biológica e por uma falange de
outros amigos do pretérito é o que todos nós quereríamos que acontecesse com
conosco...!
Obrigado minha mãe por ter me dado à oportunidade de
nascer neste planeta com o objetivo de aprender a conviver com as
adversidades... Sei da tua sabedoria enquanto espírito, pois hierarquicamente
tu estás acima de todos nós...!
Obrigado por ter me dado os exemplos de um verdadeiro
homem de bem, mesmo sabendo das minhas limitações, mas estou procurando atender
a expectativa daquele (...) que um dia também me guardou aqui na terra como pai...!
Obrigado por ter me concedido em tuas entranhas para
provar que o renascimento é possível quando existe a compreensão da necessidade
do reencarne, pois, sei das minhas anomalias físicas ao nascer (…), mesmo
assim, tu foste serva do Senhor ao permitir a minha vinda ao orbe com o
objetivo de escolarizar-me moralmente...!
Obrigado por tudo, principalmente por ter me dado o
direito de viver entre os homens desumanos para aprender a ser humano como o
verdadeiro homem Jesus, o Cristo de Deus...!
José Roberto Vieira da Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário