Recentemente assisti ao filme inglês, lançado no ano de 2009
e estrelado pelos atores Paul Bettany, Jennifer Connelly, Jeremy Northam, Toby
Jones – “Criação”, baseado na vida de Charles Darwin.
Recomendo ao leitor, principalmente àqueles que apreciam
História. Obviamente que não privarei você das surpresas do filme narrando-o
neste pequeno texto, mas tenho que comentar sobre o conflito vivido pelo
cientista. Algumas pessoas que souberam de sua teoria começaram a dizer que
Darwin matara Deus.
O dilema da morte do Todo-Poderoso perturbou-o e trouxe-lhe
grandes dores de cabeça. Sua esposa, utilizando a religião sob a ótica do
fanatismo, não compreendia suas pesquisas. Aquilo afastou o casal.
Mas fiquemos por aqui ou o filme perderá sua magia.
Abordaremos, entretanto, a morte de Deus.
Imagine você, caro leitor, a dificuldade da mentalidade da
época, século XIX, em admitir que somos seres em constante evolução.
Inconcebível para o religioso daquele tempo considerar que
habitou o reino animal em época remota, ou nem tanto.
Hoje, porém, com a sofisticação das pesquisas e os fatos
descortinados por estudiosos, além da atualização da mentalidade de alguns
religiosos, parece-nos que o clima entre ciência e religião anda mais ameno.
É que em face da evolução não há muito o que contestar.
Pelo lado dos religiosos, como argumentar, por exemplo, a
favor da teoria geocêntrica em que a Terra fica parada e o Sol girando?
Pelo lado dos cientistas, aquele que se nega a observar a
natureza espiritual do Homem corre sério risco de ficar defasado.
Timidamente, cientistas e religiosos começam a ensaiar um
encontro. Só mesmo os grandes teimosos e prepotentes permanecem a defender suas
apáticas razões com unhas e dentes.
É preciso considerar que para o bem do próprio Homem ciência
e religião devem caminhar juntas. Elas são filhas diletas do Todo-Poderoso!
A propósito, peço licença ao leitor para narrar experiência
pessoal.
Como em breves dias passarei por cirurgia, em uma das visitas
ao doutor questionei:
- Será o senhor quem irá me operar?
Ele respondeu firme:
- Não! O cirurgião que fará esse trabalho é o melhor de
todos. E acrescentou sorrindo: Deus, meu filho. Eu sou apenas um instrumento.
Fiquei mais tranquilo. Deus não erra. Sucesso garantido!
Brincadeiras à parte, fiquei feliz em ouvir aquilo de um
homem de ciência.
Fico apenas com pena de Darwin que passou algum tempo
acabrunhado, segundo narra o filme, por ter assassinado Deus.
Se alguém na época houvesse lhe dado O Livro dos Espíritos,
provavelmente o cientista teria sido poupado de muitos momentos de angústia.
Afinal, a primeira obra da codificação de Kardec precedeu “A
origem das espécies” – livro de Darwin, em dois anos. Se Darwin tivesse em suas
mãos o livro da Codificação Espírita certamente sua consciência não o acusaria
de homicídio e o pouparia também de contendas no lar por conta da rivalidade
existente entre ciência e religião.
Talvez tenha faltado a Darwin nascer em território francês.
Wellington Balbo
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