Li há dias, escrita no pára-brisa traseiro de um automóvel, esta frase:
“Vivo despreocupado, porque tudo de que preciso, Jesus dará...”
Em outras oportunidades, tenho visto pregadores recomendando: – Irmãos
entreguem seus problemas a Jesus que ele os resolverá. Outros há que estimam
repetir esta frase do Salmo 23 de Davi: “O Senhor é o meu pastor: nada me
faltará.”
O sentido emprestado a essas afirmativas, entretanto, deixa perceber a
preocupação com o imediatismo das soluções aneladas, como se o Cristo fosse
nosso servo para solução dos problemas que estão a reclamar nossa ação
diligente. Não que o Mestre com sua superioridade espiritual, não pudesse
resolver tais problemas, ou não fosse humilde o bastante para fazê-lo, pois
dessa humildade deu Ele exemplo claro, ao lavar os pés dos apóstolos. A
realidade, porém, é que os homens, escravizados ao menor esforço, acham mais
cômodo transferir ao Divino Mestre as tarefas de resolver seus problemas.
Das palavras do Cristo, há que tirar o espírito da letra. Quando ele
diz: “Vinde a mim vós que estais fatigados, e eu vos aliviarei”, ou “Vinde a
mim todos vós que sofreis”, ou ainda “Bem-aventurados os aflitos pois que serão
consolados”, não se está transformando em nosso servidor! A salvação e a
consolação que o Cristo nos oferece estão nas verdades dos seus ensinamentos,
que precisam ser conhecidos, compreendidos, e praticados.
Ora, Jesus não mais está na Terra, logo, o “vinde a mim” significa:
buscai os meus ensinamentos! Ele está representado entre os homens pelos
conceitos que deixou por intermédio do seu Evangelho. Se assim não fosse, por
que afirmaria: “A cada um, conforme suas obras?” Esta máxima está a nos indicar
que cada qual receberá o quinhão de ventura e paz proporcional aos esforços que
faça pela própria libertação da inferioridade espiritual em que se demore.
Será sempre uma postura ingênua acharmos que teremos os problemas que
nos afligem solucionados, sem que o mereçamos. Recomenda-nos, a propósito, o
Espírito de Verdade, através das páginas de O Evangelho segundo o Espiritismo,
como conduta indispensável à consecução daquele objetivo: Devotamento e
abnegação! (Cap. VI, item 8.)
Por isso, não bastará balbuciarmos uma prece, ou expedirmos uma rogativa
suplicando socorro espiritual, se elas não estiverem respaldadas pela vontade
firme de corrigirmos fraquezas e imperfeições que ainda marcam o nosso
Espírito, ou se ainda mantemos nosso coração atrelado às idéias infelizes da
vingança, conservando a mente escravizada aos vícios e paixões da natureza
física.
É ainda o Espírito de Verdade quem nos recomenda com máximas
indispensáveis:
“Espíritas! amai-vos, este o
primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.”
Tais são os caminhos da paz e da luz, e quem se orienta por eles, em
verdade, já está em permanente oração, pelas elevadas vibrações que irradia,
fazendo jus à assistência espiritual das elevadas mentes da Espiritualidade
Superior, às quais incumbe a orientação do progresso das criaturas.
MAURO PAIVA FONSECA
Reformador Jul2002
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